Dicas simples para contra-atacar a indústria da atenção cada vez mais obstinada em nos influenciar a consumir
Os aplicativos que utilizamos no nosso telefone foram desenhados com o objetivo de prenderem a nossa atenção pelo maior tempo possível, através de métodos de persuasão conhecidos há décadas pela psicologia. Esta estratégia é importante para o faturamento de várias empresas de tecnologia, as quais exploram os dados que são obtidos do rastreamento do nosso comportamento online e também faturam nos expondo à anúncios publicitários. Até mesmo o momento de exibir os anúncios leva em consideração, em algumas empresas, dados que possam indicar o nosso humor. A ideia é bombardear o nosso cérebro quando estivermos mais vulneráveis.
Esta exposição produz um efeito no nosso subconsciente, criando um hábito e alterando nossos valores. Como resultado, em média verificamos o nosso telefone 150 vezes por dia, tornando o smartphone uma poderosa arma de persuasão e um enorme ralo para o nosso tempo livre.
Mas existem algumas estratégias que podemos utilizar e que irão aumentar o seu bem estar e recuperar tempo precioso do seu dia.
Desative todas as notificações que não sejam essenciais para o seu dia a dia. Não se esqueça de manter notiicações de emergência de aplicativos médicos ou de serviços de alerta de desastres de órgãos oficiais. Isto inclui remover aquelas notificações de ofertas de viagens e produtos. Lembre-se que cada notificação que você recebe é um momento de distração que afeta a sua produtividade.
No caso do WhatsApp, faça um favor para você mesmo e desabilite as notificações de grupo. As pessoas possuem horários os mais diversos, além de possuírem noções distintas sobre o que é importante compartilhar em público e o que não é. Os grupos no WhatsApp tem portanto, com raras exceções, mais potencial de gerar frustração do que benefício.
Considere utilizar escalas de cinza em vez de cores na tela do seu dispositivo. As cores possuem um papel importante nas emoções que sentimos, no sentido de te induzir ao comportamento desejado pelas empresas, através da manipulação dos seus instintos básicos. Antes que você diga que isto tornaria as coisas sem graça, lembre-se que o que tem que ser interessante é a sua vida offline e não a online.

Mantenha apenas aplicativos indispensáveis para o seu dia a dia na tela que você visualiza assim que destrava o seu smartphone. Por exemplo, se você vai trabalhar de Uber todos os dias, este é um aplicativo que você deve manter na sua tela inicial. Nas demais telas, organize os aplicativos em grupos e nomeie os grupos de forma sugestiva. Por exemplo, os aplicativos de redes sociais, poderiam estar no grupo "Uso Controlado".
Nossa mente precisa muitas vezes de dicas visuais para entender quando parar uma atividade. Monitore de perto o tempo de uso (ou se quiser viver melhor, deixe de usar) os aplicativos que usam o recurso de rolagem infinita (como o Facebook, LinkedIn e Instagram) e "arraste e segure para atualizar" (como o Twitter) pois o conteúdo disponível nunca acaba e fica difícil saber quando parar de usar. Uma curiosidade sobre a psicologia por trás do "arraste e segure para atualizar" é que o modelo é o mesmo usado nas máquinas de caça-níquéis nos cassinos e nos experimentos de psicologia com ratos de laboratório.
Configure a função de "não perturbe" do telefone para ativar automaticamente no mínimo uma hora antes do horário que você costuma dormir. Mantenha apenas a possibilidade de receber ligações telefônicas de pessoas que você tenha um relacionamento próximo.
Tanto o iOS (Apple) quanto o Android (Google) nas suas versões mais recentes possuem ferramentas para monitorar o tempo de uso do celular. É uma boa ideia acompanhar os dados e os gráficos de uso para analisar como você está usando o seu tempo no dispositivo. Você pode se surpreender.
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